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Livros cor-de-rosa

Ontem dei por mim a falar com o meu pai sobre romances cor de rosa. A conversa começou quando a voz que saía do rádio dizia que 50 Sombras de Grey estava no top de livros mais vendidos e que já se esperava nova edição ao que o meu pai prontamente respondeu "E daqui a nada um filme também!". Revirei os olhos, custa-me imenso dizer mal de livros porque imagino os horrores que uma pessoa passa para os escrever mas efectivamente há livros que a humanidade dispensava conhecer. 
Além de todo o debate em torno do livro em questão e no qual não vou entrar pois este artigo não é sobre isso, o 50 Sombras não está de maneira alguma na minha lista de livros para ler. O meu pai reparando que eu me calava, o que é raro quando livros são o tema perguntou-me o que se passava e o que eu achava do livro, isto é, se eu soubesse qual era o livro em questão.
Em poucas palavras resumi o livro ao meu pai e ele lembrou-se da minha irmã mais nova lhe ter falado do livro e ter dito que era algo pornográfico. Curioso perguntou-me se leria o livro para o blog ao que eu respondi que "não estava nos meus planos". 
E depois veio a pergunta que desencadeou a conversa toda. Aliás, quem como eu gosta de falar sabe que a terrível pergunta "porquê" se esconde nos recantos menos esperados e ao mesmo tempo nos mais prováveis. "Porquê?"
Respondi ao meu pai que o livro não me fascinava, aliás, tinha acabado nesse mesmo dia de ler o Crónica de uma Serva e a última coisa que precisava de ler era livros eróticos. O meu pai perguntou-me em seguida porque é que o livro vendia, qual era a minha opinião. Sinceramente não percebo o fascínio, disse-lhe que achava que as pessoas tinham tendência a gostar de literatura fast-food, livros simples que não obriguem a pensar. Aliás, o romance rosa vende muito bem como é de conhecimento comum e pode ser muito barato, como por exemplo os livros da colecção Sabrina.
O meu pai comentou então que achava que o fascínio que estes livros rosas exerciam sobre as pessoas era o mesmo fascínio que as telenovelas exerciam. "As pessoas levam vidas aborrecidas", comentou ele, "é raro terem a vida que queriam ou sentirem-se satisfeitas, por isso fogem para os grandes romances, para o meio das intrigas, para as traições e voltas e reviravoltas mas fogem seguras que no fim o bem triunfa sempre". Pisquei os olhos curiosa e deixei o meu pai continuar a falar. "Assim um pouco como voyeurismo! Pensa bem, elas estão lá, participam de tudo e ao mesmo tempo não participam, tem a emoção sem o perigo da dor. Acaba por ser um engano porque as pessoas não vivem nada daquilo, apenas fogem para lá..."
Caros leitores, nunca pensei menos do meu pai, mas devo confessar que a conversa me apanhou a modos que desprevenida e no bom sentido. Após muito pensar no caso creio que o meu pai tem uma certa razão e as pessoas retiram alguma alegria dos romances cor de rosa, no entanto, se não tirássemos alegria da leitura não leríamos por gosto e sim por castigo.
Continuo a acreditar no entanto que os romances rosa vendem mais por serem fast-food, ou seja, uma história conhecida e que não requer muita concentração ou pensamento sobre a mesma. Algo que lemos só para nos entreter e nada mais. Mesmo assim gostava de ouvir as vossas opiniões: O que é para vocês um livro cor de rosa?



Ki
(Catarina)
Sobre a autora:

Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre livros e gosta de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e é das melhores coisas que já lhe aconteceu.

Comentários

  1. Concordo: as pessoas hoje em dia querem é livros para entreter que sejam fáceis, que a seguir se coloquem na prateleira e venha o próximo...É uma pena porque se deixa para trás muito boas obras. Claro que, por vezes, também é preciso um livrinho desses para desanuviar, mas ler unicamente obras sem conteúdo apenas para estar distraída não conseguiria...Até porque se eu quiser entretenimento ligo a tv ou o pc. O problema é que as pessoas não procuram os livros para mais nada: nem para se enriquecem como pessoas, nem para pensar ou para aprender...Acho que é menosprezar tudo aquilo que um livro nos tem para oferecer. Por outro lado há imensos livros sem qualquer conteúdo e que não são cor-de-rosa...Já li alguns livros ditos femininos e gostei. Como em todos os genéros há o bom e o mau acho eu...

    cumps

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  2. Romance cor-de-rosa para mim vai além das Sabrinas. As sabrinas digamos que estão na base da pirâmide cor-de-rosa. :D Nos últimos tempos temos sido assolados por uma grande vaga de romances de livraria e já reparei que não é por isso que são mais respeitados. A maior parte das pessoas acha que é literatura vazia (mesmo que elas sejam do tipo de ler um livro por ano ou às vezes nem isso, o que considero uma hipocrisia). Mas eu confesso que aprecio e que ultimamente o que leio mais são romances (intercalados com um drama ou outra coisa mais pesada de vez em quando). Leio por prazer e como escape do dia a dia de trabalho onde às vezes tenho que presenciar coisas menos agradáveis e dramáticas. Então sabe-me muito bem ler uma história romântica, com personagens apaixonantes e que me garanta que no final tudo vai ficar bem. O amor move o mundo e acho que é por isso que os romances são tão apreciados. Nalguns casos pode ser realmente por drustração pessoal mas em outros certamente que é porque se busca um prazer instantâneo. Tal como comer um chocolate ou uma sopa quentinha no Inverno. Sabe bem, conforta e deixa-nos bem dispostos. bjs

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  3. Eu adoro romances cor de roda *-*

    Quero lá saber se é literatura oca ou fast-food, eu gosto e é o que me interessa. E este género tem cada vez mais expansão no mercado português!e eu não me queixo :D

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  4. Olá,
    Venho um bocadinho fora de tempo... mas pesquisei pela maledicência dos romances cor de rosa. E cheguei aqui...
    Concordo com o teu pai.
    As 50 sombras são a Cinderela dos tempos modernos; o sonho do “felizes para sempre” onde um homem atormentado transforma-se por amor. Não é o sexo desprovido de sentimento que vende... é a luta de uma mulher pelo seu “ amor próprio” que ganha o respeito e a tolerância de um homem.
    Ninguém nos mostra o verdadeiro “ felizes para sempre” e a nossa imaginação voa para um mundo perfeito e apaixonado como desejaríamos que o nosso fosse.
    No entanto nada dura para sempre...e a paixão tem um tempo de validade ... O mal nem sempre vence o bem!!! ...mas e se pudesse ser sempre assim!?

    Escritoras como a Jane Austen decidiram que os seus finais seriam sempre felizes ... porque ela própria não conseguiu ter um feliz amoroso.
    O nosso Júlio Dinis também nos arranca momentos cor de rosa e é um clássico. E a Judith Mcnaught nos seus romances de época são um vicio perigoso que nos faz acreditar na nobreza de carácter e lealdade... de mulheres empoderadas e homens “que fogem e entram na linha”...onde as intrigas são imensas até ao “felizes para sempre”...
    Já não lia há mais de dois anos um romance cor de rosa - repeti os meus preferidos da Judith este verão... são tão enganadoramente queridos que acho que nos fazem esquecer da nossa própria realidade ... considero-os extraordinários e viciantes. E como todos os vícios alienam-nos da verdadeira realidade em que vivemos para vivermos em idealismos fantásticos!!

    Considero romances como “ O Grande Gatsby “ mais construtivos e fundamentados na realidade humana!! Mas é tão bom conseguir acreditar na generosidade do ser humano ... ao em vez do egoísmo primário que existe em todos nós!!!
    Beijinho

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